Teatro Romano

A Família Romana:
A família romana estava sob absoluta autoridade do pai que tinha o papel de juiz de todas as questões domésticas, sacerdote do lar e único senhor do patrimônio familiar. Contudo a mulher romana era consultada sob diversos assuntos, podia sair em visitas e participar das diversões públicas. A matrona romana era um símbolo dos antigos costumes (mores maiorum).


Estrutura do Teatro Romano:






A Religião Romana:

Essencialmente politeísta, admitia divindades dos rios, dos bosques, do fogo...
O antropomorfismo, a princípio pouco desenvolvido, depois do contato com os gregos tornou-se cada vez mais acentuado.
Além das formas humanas atribuídas aos deuses, manifestou-se ainda o culto dos antepassados (lares). Durante as refeições era costume colocar um prato com alimentos diante das estátuas que eram guardadas em armários especiais.

A religião romana era contratual e formal. Contratual, porque as relações entre os deuses e os homens eram baseadas no interesse recíproco: o homem propiciava sacrifícios e recebia favores.
Formal, porque admitia a necessidade do mais escrupuloso cuidado com os gestos e palavras que compunham as cerimônias, sob pena de ineficácia.

As relações entre romanos e gregos ocasionaram uma completa identificação das divindades:
Júpiter confunde-se com Zeus,
Juno com Hera (protetora da família),
Marte com Ares (guerra),
Minerva com Atena (artes),
Diana com Ártemis (caça),
Baco com Dionísio (vinho),
Vênus com Afrodite (amor e beleza).

A Arte Romana:
Com a decadência da arte clássica grega, a arte romana emerge a partir do séc. II a.C.
De inspiração etrusca e helenística, aproxima-se mais da realidade que a arte desenvolvida pelos gregos. A arquitetura é o destaque.
Os romanos celebram a grandeza do império com a construção de monumentos e de edifícios públicos.
Paralelamente, desenvolve-se a pintura mural decorativa em cidades como Pompéia.

O Teatro:
Entre 27 a.C. e 476 d.C., a cena é dominada por exibições acrobáticas e jogos circenses. Também se escrevem tragédias, mas sem a mesma repercussão que na Grécia. Um nome que se destaca é Sêneca (4 a.C.? – 65), autor de “Fedra”. O gênero preferido pelos romanos é a comédia. Em linguagem coloquial e, as vezes, grosseira, ela retrata a euforia do Império em expansão.
De enredo mais elaborado que o da comédia grega, torna comum o final feliz. Um dos principais autores é Terêncio (195 a.C.? – 159 a.C.), que faz textos voltados para a aristocracia e marcados pela ironia. Outro grande dramaturgo é Plauto (254 a.C.? – 184 a.C.?). Os personagens estereotipados desses dois autores originam, mais tarde, os tipos da comédia Dell’Arte italiana.


Os Principais Gêneros Dramáticos:

Atelana (de Atella, cidade osca):
Simples farsa em um só ato, sempre apresentada com as mesmas personagens, muito presentes frases grosseiras e obscenas. Consistia em uma sátira que faziam às situações da região.

Mimos:
Sem personagens fixas e com temas geralmente tomados da vida urbana, nos quais se ridicularizavam fatos verídicos, mais ou menos recentes. Como na atellana, no mimo era usada uma linguagem rude e frequentemente imoral.

Pantomima:
Representação teatral através de mímicas.

Satura:
Mistura de canto, diálogo, pantomima e declamação de poesia.

Versos Vesceninos:
Versos constituídos a partir do diálogo.
Eram em sua maioria de caráter erótico e pornográfico e declarados a dois.

Ainda durante a república, a mímica e a pantomima tornaram-se as formas mais populares. Baseadas nas improvisações e agilidade física dos atores, ofereciam ampla oportunidade para a audaciosa apresentação de cenas imorais e pornográficas.

O desenvolvimento do teatro em Roma se deu por imitação do teatro grego.
Durante as guerras de 264-241 a,C., os romanos tiveram contato com o teatro grego através das colônias espalhadas na Itália.
Os romanos acrescentam a tragédia e a comédia às suas lutas de gladiadores.
Havia então grandes festivais onde se reuniam lutadores, dançarinos e “atores”.

Uma insipiente tradição teatral, de influência etrusca, já existia na península itálica.
O Teatro Romano era inteiramente calcado na tradição grega.
Seu declínio que causou um vácuo de quatro séculos na produção teatral, parece ter sido mais significativo para a história da cultura ocidental do que sua própria existência .

O primeiro autor teatral Romano a produzir uma obra de qualidade, que estreou em 235 a.C., foi Cneu Névius.

O teatro Histórico foi a primeira criação original deste autor, que incorporou às suas peças, mordazes e francas, críticas a aristocracia romana.

Por isso Cneu Nevius, foi preso ou exilado.

Talvez em vista destas circunstâncias, Quintus Enius, sucessor de Cneu Nevius, tenha adaptado seu talento às exigências do momento e se dedicado às traduções das tragédias gregas. No ano de 240 a.C., foi apresentada a primeira peça traduzida do grego durante os jogos romanos

A Tragédia Romana, em sua maioria, refletiu os ideais propostos pela tragédia grega: mesma estrutura e mesmo assunto. Somente Lucius Annaeus Sêneca fugiu a essa regra.

Durante o período imperial, surgiram as tragédias para pequenos recintos privados ou somente declamações sem encenação. São desse tipo as obras de Sêneca, Filósofo e conselheiro de Nero. Isto influenciou o Renascimento principalmente na Inglaterra.

Primeiros grandes poetas trágicos Romanos:

Lívio Andrônico; Névio; Pacúvio; Ênio; Ácio.

Séneca:

Inovou por ter deixado com que a profunda reflexão e os horrores físicos substituíssem a poesia e a tragicidade grega.
Construiu um tipo de tragédia que se consolidou também como cruel, isso devido ao seu espírito romano de guerreiro e ímpeto. Não possuía o escrúpulo que os gregos tinham. Mostrava a violência real ao público como vômito, mortes e outros.
A grande influência que herdou dos gregos foi a linguagem erudita e metafórica. Suas peças possuíam um alto teor de reflexão filosófica. Influenciou Shakespeare no aspecto filosófico, e Antonin Artaud no aspecto da crueldade.

Suas peças: Medéia, Tiestes, Édipo, Agamênon, Hércules Furioso, entre outros.

A Morte de Sêneca:



A verdadeira comédia latina surgiu apenas no final do séc.II a. C.
As representações teatrais eram parte do entretenimento gratuito oferecido nos festivais públicos.
Desde o início, no entanto, o teatro romano dependeu do gosto popular, de uma forma que nunca havia ocorrido na Grécia. Caso uma peça não agradasse ao público, o promotor do festival era obrigado a devolver parte do subsídio que recebera. Por isso, mesmo durante a república, havia certa ansiedade em oferecer à platéia algo que a agradasse.
O que logo se comprovou ser o sensacional, o espetacular, e o grosseiro.

Os imperadores romanos fizeram um uso cínico desse fato, promovendo “pão e circo”, segundo a famosa frase do satirista Juvenal, para que o povo se distraísse de suas miseráveis condições de vida. O grandioso Coliseu e outros anfiteatros espalhados por todo império atestam o poder e a grandeza de Roma, mas não sua energia artística.
Não há razões para crer que tais construções se destinavam a outra coisa que não espetáculos banais e degradantes.

As arenas, foram então totalmente ocupadas por gladiadores em combates mortais, por feras espicaçadas que lutavam até se fazerem em pedaços e cristãos cobertos de piche, usados como tochas humanas.

Não é de se admirar que tanto os escritores, como o público de outra índole passassem a considerar o teatro como manifestação indigna e aviltante.


O primeiro autor de comédias foi Lívio Andronico, de Tarento, seguido mais tarde por Plauto e Terêncio.

Na peça de ambos, Plauto e Terêncio, os problemas são sempre os mesmos: domésticos, eróticos e dinheiro. Criaram os “tipos cômicos” (o fanfarrão; o avarento; o criado astuto; o filho de família devasso; o oportunista- parasita; etc.)
A Comédia Romana dividiu-se em dois segmentos: Comédia Paliata e Comédia Togata.

Comédia Paliata: imitação da Comédia Nova.
Importante considerar que ambos os seus representantes imitaram ao pé da letra a Comédia Nova Grega de Menandro.

Dramaturgo romano (254 a.C.?- 148 a.C.?) Considerado o maior comediógrafo da Roma antiga. Nasce em Sarcina, Úmbria, e vai para Roma ainda jovem. Por muito tempo é conhecido apenas como Plautus, que quer dizer “pés chatos”, porém mais tarde se autodenomina Maccus (“palhaço”) Titus.

Com métrica elaborada e linguagem coloquial, sua obra reproduz com fidelidade a vida dos romanos da época. Os enredos farsescos são em geral baseados em casos de amor ou confusões decorrentes de troca de identidade, mas apresentam grande originalidade no tratamento dos temas.
Suas comédias inspiram dramaturgos pós-renascentistas. Molière toma “O vaso de ouro” como modelo para “O Avarento” e Shakespeare baseia-se em “Os Gêmeos” e “Anfitriões” para escrever “A Comédia de Erros”. Morre provavelmente em Roma.

Entre as vinte peças que sobreviveram até os dias atuais, destacam-se “O Vaso de Ouro”; “Os Gêmeos”; “Anfitriões”; “Aulularia”.
Trecho da peça Aulularia de Plauto:
(...)
Euclião: Quem é que está falando aí?
Licônides: Sou eu, um infeliz.
Euclião: Infeliz sou eu, eu que estou miseravelmente perdido, esmagado por tantos males e desgostos.
Licônides: Não te preocupes!
Euclião: Por misericórdia, como poderia não preocupar-me?
Licônides: O mal que tanto te faz sofrer foi eu que cometi: eu o confesso!
Euclião: Que é que estás dizendo?
Licônides: A verdade.
Euclião: Que mal eu te fiz, moço, para fazeres isto comigo, para me pores a perder, a mim e aos meus?
Licônides: Foi um deus que me impeliu, ele que me atraiu para ela.
Euclião: Mas como?
Licônides: Confesso que errei; eu sei que sou culpado. Por isso, vim pedir-te perdão, que queiras conceder-me o teu perdão.
Euclião: Como ousaste fazer isto, apoderar-te do que não é teu?
Licônides: Que queres que eu faça? O que está feito, está feito. Impossível voltar atrás. Foi a vontade dos deuses, eu acho; se eles não o quisessem eu sei que isso não teria acontecido.
Euclião: Mas os deuses quiseram também, creio, que eu te enforque em minha casa.
Licônides: Não digas isso.
Euclião: Por que, sem minha ordem, tocaste nela, que é minha?
Licônides: Por causa do vício do vinho e do amor é que eu fiz isso.
Euclião: Homem descarado, ousares vir as mim dizer isso, sem vergonha! Se isso é direito, se te podes escusar disso, vamos roubar publicamente, em pleno dia, as jóias das senhoras. E depois, se nos apanharem, nós nos desculparemos dizendo que fizemos isso embriagados, por causa do amor. Coisa muito vil é o vinho e o amor, se ao ébrio e ao amante tudo é permitido fazer impunemente.”

Fragmento de uma peça de Terêncio:
Terêncio é muito menos cômico que Plauto. Pode traduzir-se como um moralista sério que prefere a representação das classes baixas da sociedade e suas diversões grosseiras.

Comédia Togata:
Tem por assunto algum acontecimento romano.
Não nos chegou nenhuma peça Togata completa.


A Mudança:

No tempo da perseguição aos cristãos, sob Nero e Domitianus, a fé cristã era ridicularizada, e os cristãos, eram uma das principais atrações e vítimas do Teatro Romano.

Quando o cristianismo triunfa sob o reinado de Constantino, e se torna a religião oficial do Império Romano, as apresentações teatrais são proibidas. Com o surgimento do cristianismo “que associava a atividade teatral aos feitos pagãos, além de condenar sua licenciosidade”, o teatro romano começou a decair. Em 586 a.C., com a invasão dos lombardos, desaparecem os últimos sinais.

Catacumbas: Locais de oração dos primeiros cristãos.

O cristianismo condenava o teatro romano, por ele ter sido a principal causa da morte dos cristãos, e por não admitir que os jogos teatrais custassem a vida de alguém. Com isso, o Teatro, praticamente desaparece por alguns séculos da história humana Ocidental e só retorna mais tarde com o Teatro Medieval.




Agradeço o auxílio de Marcelo Carvalho e Wellington Carbogim.

Comentários

Anônimo disse…
Muito bom o texto. Completo e bem explicado.
Parabéns pelo site :D
Você poderia informar as fontes ou Bibliografia desta pesquisa?
Você poderia informar as fontes ou Bibliografia desta sua pesquisa?

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